sábado, 23 de fevereiro de 2013
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A origem dos quadrinhos no Brasil

20:02
Quando falamos em quadrinhos no Brasil, pouca gente sabe que seus primórdios dão-se ainda em finais do século XIX, quando o pioneiro Ângelo Agostini (1843-1910), italiano que passou ao Brasil, criou os personagens que são hoje reconhecidos por historiadores como os primeiros personagens de quadrinhos no Brasil, Nhô Quim e Zé Caipora. Não eram personagens infantis, nem juvenis, mas suas histórias eram geralmente empregadas para fazer críticas a política e aos costumes da época, e eram publicadas nas hoje históricas revistas O Malho e Don Quixote.
Tira do Zé Caipora
Ângelo Agostini
Mais tarde em 1905, sentindo falta de uma revista para o “pessoalzinho  miúdo” como eram chamadas as crianças na época, viu-se nascer umas das revistas precursoras dos quadrinhos no Brasil, a famosa O Tico-Tico, revista hoje muito procurada por colecionadores, lançada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e Silva em 11 de outubro de 1905, impressa pela editora O Malho em papel jornal e que era vendida pelo preço de 200 réis, moeda da época.
Não era uma revista totalmente dedicada a quadrinhos, no máximo eram 4 ou 5 páginas dedicadas ao assunto, mas que ficou marcada pela passagem de grandes artistas nacionais como o próprio Ângelo Agostini, e também por personagens genuinamente nacionais como o trio Reco-Reco, Bolão e Azeitona. Foi a primeira revista a publicar personagens norte-americanos como o rato Mickey, que no Tico-Tico era chamado de Ratinho Curioso, O Gato Félix e vários outros. Foi uma das revistas mais duradouras do segmento, de 1905 até sua extinção nos anos 70. Atualmente todos seus exemplares foram digitalizados e se encontram no site da Hemeroteca Digital Brasileira
Slogan da revista O Tico-Tico

Permaneceu sozinha no mercado até 1929 quando teve seu mercado ameaçado pelas outras revistas Mundo Infantil da editora Vecchi e A Gazeta Infantil do jornal A Gazeta, mas rival a altura mesmo apareceu somente em 1934 com o surgimento do Suplemento Juvenil de Adolfo Aizen em 1934 e do O Globo Juvenil de Roberto Marinho em 1938, o mesmo dono da Rede Globo. Foram essas duas novas revistas as verdadeiras precursoras dos quadrinhos americanos no Brasil, o sucesso foi tão grande que tiragens enormes foram impressas, o que diferenciava o Suplemento Juvenil e O Globo Juvenil do Tico-Tico era que suas páginas eram compostas 100% por quadrinhos e tinham a vantagem desleal dos personagens americanos.
Se você é um grande admirador dos quadrinhos não deve deixar de pesquisar esses nomes que foram fundamentais na entronização de tais personagens como Roberto Marinho, Victor Civita da Editora Abril, Assis Chateaubriand da Editora Cruzeiro e principalmente Adolfo Aizen da Editora Ebal. A disputa pelo mercado era principalmente entre Roberto Marinho que tinha os direitos dos personagens muito famosos na época como O Fantasma e Mandrake, o Mágico, criações de Lee Falk, enquanto Aizen dispunha de personagens como Batman, na época chamado de Morcego Negro, Superman, Tarzan e os personagens Disney.
Edição nº 574 do O Globo Juvenil em 1941

Edição nº 253 do Suplemento Juvenil em 1936
Um fato curioso, é que em 1939 Roberto Marinho lançou uma das revistas de maior sucesso, a revista “Gibi”, o sucesso foi tão grande que o nome da revista virou sinônimo de quadrinhos e o termo é utilizado até hoje. Outro fato curioso é que principalmente nos anos 40, 50 e 60 os quadrinhos sofreram grande perseguição por parte de professores e psicólogos, que afirmavam que a grande quantidade de imagens no meio dos testos nos balões causava nos jovens da época uma “preguiça” mental e grandes queimas de revistas foram realizadas. Outro fato que ajudou na perseguição aos quadrinhos foi o nudismo de alguns personagens como o Tarzan que aparecia só de tunga e que pra eles era uma afronta a moral, para isso, foi criado o selo do código de ética, que após todas as revistas passarem por uma revisão, recebiam em suas capas o temível selo.
Nos anos 30, 40 e 50 que são chamados os Anos Dourados dos Quadrinhos nunca se vendeu tantas revistas, e dificilmente as vendas de hoje atingem os números daquela época, novidades como o surgimento da televisão no Brasil nos anos 60, com certeza é um fator da queda de popularidade dos quadrinhos no Brasil e nos Estados Unidos. 



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